INICIO DO KARATÊ NO BRASIL

 

   

     

História do Karatê no Brasil



O karatê chegou ao Brasil com os imigrantes japoneses, no ano de l908 e já que a colônia se instalou primeiro no interior de São Paulo e na capital, nada mais lógico do que aquele estado se transformar no pioneiro do karatê nacional.

Durante décadas, vindos da terra-mãe, os japoneses; Juichi Sagara, em São Paulo; Yasutaka Tanaka, Sadamu Uriu, no Rio de Janeiro;  Higashino em Brasília; e Eisuku Oishi na Bahia.

O Karatê, arte marcial japonesa, é praticado por pessoas de todas as idades em todas as regiões do Brasil. Entre os seus admiradores e praticantes estão profissionais liberais, professores, estudantes, empresários, donas-de-casa e pessoas com as mais diversas ocupações. Podem ser encontradas nas academias e competições de Karatê crianças, adolescentes, adultos e idosos, de ambos os sexos.

De todos é possível ouvir comentários e histórias sobre a influência positiva que o Karatê teve e tem em suas vidas. Não faltam casos de crianças muito tímidas excessivamente agressivas que encontraram no Karatê uma referência para a busca do equilíbrio. São freqüentes os exemplos de pessoas que começaram a praticar o Karatê já na maturidade e nele encontraram uma fonte para a manutenção ou recuperação de algumas características de sua juventude.

Sem que muitos saibam, existe uma pessoa que teve e tem grande influência na vida de todos eles, o Shihan (Mestre) Sadamu Uriu. Vindo como imigrante do Japão em 1959, Mestre Uriu foi o introdutor do Karatê no Brasil e sua história se confunde com a do próprio Karatê brasileiro. Sadamu Uriu nasceu em 20 de setembro de 1929 no Japão, em Fukuoka-Ken, na ilha de Kyushu, na região sul do Japão, situada a aproximadamente 1500 quilômetros de Tóquio. A região, naquela época essencialmente agrícola, hoje tem suas atividades econômicas concentradas na mineração, siderurgia e construção naval. Desde o nascimento, mestre Uriu parecia destinado a ter sua vida associada às artes marciais. Seu pai, Seizaburo Uriu, além de agricultor era praticante de judô. Sua mãe, Tsuwako Uriu, teve cinco filhos, três homens e duas mulheres, todos ainda vivos, sendo Sadamu Uriu o quarto a nascer. Seus dois irmãos homens eram faixas-pretas de Kendo (luta com espadas) e participaram da Segunda guerra Mundial. Um deles era oficial do exército e o outro policial de um grupo de elite. Sadamu Uriu começou a estudar aos sete anos de idade e cursou o ensino fundamental e médio, equivalentes ao 1º e 2º graus brasileiros na própria ilha de Kyushu, nas escolas Dairi-Sho e Mojishogio. Esta formação escolar no Japão tinha a duração de dez anos e durante o 2º grau Mestre Uriu praticou Kendo. Nesta época o Japão sofreu os efeitos da Segunda Guerra Mundial e os jovens tinham que contribuir para o esforço de guerra. Em 1945, aos 16 anos, Sadamu Uriu foi para a Escola de Formação de Pilotos da Marinha. O final da guerra impediu que ele fosse enviado para à frente de combate.

Em 1951, aos 22 anos, Sadamu Uriu foi para a Universidade Takushoku, em Tóquio, onde já estudava um de seus irmãos. Lá, além de se formar em Economia, iniciou o seu treinamento em Karatê. Naquela época, no Japão, era nas faculdades que se iniciava o aprendizado do Karatê, ao contrário da prática atual, em que mesmo crianças iniciam o seu treinamento em academias especializadas. Seu professor foi o famoso Mestre Nakayama, que por sua vez fora discípulo do lendário Mestre Gichin Funakoshi, fundador do estilo Shotokan de Karatê e seu divulgador em todo o mundo. Nessa época havia treinamento de Karatê, mas não existiam graduações por faixa nem competições, que só surgiram após a criação, em 1954, da Nihon Karate Kyokai (atualmente Japan Karate Association – JKA). Mestre Uriu graduou-se em Karatê (faixa-preta) pela JKA. Na Universidade Takushoku praticaram Karatê com Mestre Nakayama três outros mestres importantes do Karatê, que acabaram também vindo para locais diversos no Brasil: Higashino, no Distrito Federal, Tanaka, no Rio de Janeiro e Sagara, em São Paulo.

Formado em Economia, Sadamu Uriu deparou-se com a extrema dificuldade de conseguir emprego, decorrente da destruição de parte importante da economia japonesa durante a guerra. Ele chegou a pensar em imigrar para a Indonésia, seguindo seu amigo Habu, que hoje é professor universitário lá. Mas o mesmo Habu lhe falou sobre o Brasil e as possibilidades de trabalho aqui, acabando por convencê-lo a tentar a vida em nosso país. Assim, em 30 de dezembro de 1958, Mestre Uriu embarca, sem nenhum acompanhante, no Brasil Maru, um navio do governo japonês destinado para pessoas que desejassem emigrar para o Brasil. Nessa época, o governo japonês mantinha contatos com japoneses já estabelecidos no Brasil e que precisassem de mão-de-obra. A viagem dura 45 dias e Sadamu Uriu desembarca no porto de Santos - SP, dirigindo-se em seguida para Pindamonhangaba - SP, para trabalhar na atividade agrícola na fazenda de Yoshio Igarashi. Lá ele permanece três meses e conhece D. Aurora, uma das filhas do Sr. Yoshio, que viria, mais tarde, a ser sua esposa. De Pindamonhangaba - SP, Sadamu Uriu vai para a capital, São Paulo, para trabalhar na fábrica da Toyota, primeiro na linha de montagem e depois na área administrativa. O então presidente da Toyota, Sr. Kiyoyasu Koide, que o contrata também se formara na Universidade Takushoku. O mais curioso, e um sinal adicional de que a vida de Sadamu Uriu estava definitivamente associada às artes marciais, é que o presidente era faixa-preta de 5º Dan de Judô e acabaria sendo seu padrinho de casamento. Na Toyota, Sadamu Uriu permanece dois anos, 1960 e 1961, tendo como colega de trabalho, outro mestre importante do Karatê, Yasutaka Tanaka, que deixara o Japão um mês depois de Uriu e, através da troca de cartas, viera se juntar a ele no trabalho na agricultura. A amizade que uniu esses dois mestres atravessou o mar e o tempo e permanece até os dias de hoje.

Já estabelecido em São Paulo, Sadamu Uriu começa a se reunir com alguns de seus ex-colegas da faculdade de Takushoku no Japão, também imigrantes, para treinar Karatê. Entre eles estavam os mestres Tetsuma Higashino, Yasutaka Tanaka e Juichi Sagara. Naquela época não havia ainda a intenção de abrir academias para ensinar o Karatê. Atualmente, Uriu e Tanaka vivem no Rio de Janeiro e Sagara em São Paulo, tendo Higashino falecido em 1987. Em 1961 Lirton Monassa (falecido em 2000) procurou Uriu e Tanaka em São Paulo para que se transferissem para Rio de Janeiro para ensinar o Karatê, o que eles fazem em 1962, quando passam a lecionar na academia Kobukan, no bairro de Botafogo - RJ. È também em 1962, no dia 29 de setembro, que Sadamu Uriu, nesta época residindo em Duque de Caxias - RJ se casa com a Sra. Aurora Uriu. Deste casamento nascem dois filhos, Cezar e Cid, ambos praticantes de Karatê desde a infância. Cid Uriu é atualmente engenheiro da Petrobrás, trabalhando na base de extração de petróleo da cidade de Macaé, situada no litoral norte do estado do Rio de Janeiro. Cezar Uriu também é engenheiro mecânico da Petrobrás, empresário e faixa-preta de 5º Dan. Após o início em 1962 na academia Kobukan, Mestre Uriu passa, em 1963, a lecionar Karatê três vezes por semana no Tijuca Atlético Clube, para um grupo de 30 alunos. Nessa época, apareceram para assistir a um treino os tenentes Pacheco e Valporto, que impressionados com a técnica do Karatê convidaram Mestre Uriu para fazer uma demonstração no Batalhão de Infantaria-Paraquedista.

Mestre Uriu faz então uma apresentação de Karatê no Batalhão de Infantaria e pede-se a ele que faça uma demonstração de luta, primeiro contra um soldado boxeador e depois contra um soldado capoeirista. Ele vence as duas e um novo desafio lhe é apresentado: colocado diante de pilhas de madeira e de tijolos, perguntam se seria capaz de quebrá-los. Ele assim faz, para espanto e admiração de todos, e a partir daí começa a ensinar Karatê no Batalhão de Infantaria, onde ficou por 15 anos, até 1978. No meio militar, Mestre Uriu foi também instrutor da Escola de Comunicação do Exército (1964 a 1967) e da Escola Militar no Forte do Leme (1965 a 1967), todos no Rio de Janeiro.

Em 1964, alguns alunos e admiradores ajudam Mestre Uriu a montar a academia Shidokan, na Usina - RJ. Com a formação de vários atletas faixas-pretas pelo Mestre Uriu, na Shidokan, e pelo Mestre Tanaka, na Kobukan, começam a surgir diversas academias, expandindo-se, assim, o Karatê no Rio de Janeiro. De 1973 a 1985, Mestre Sadamu Uriu foi também instrutor da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro. Ao longo das décadas de 60, 70 e 80, alguns marcos na história do Karatê brasileiro merecem registro, tais como: 1964 – com o Karatê no Rio de Janeiro filiado à Federação Carioca de Pugilismo, realiza-se o 1º Campeonato Carioca de Karate. Após este campeonato, o Karatê em diversos estados filia-se às respectivas federações de pugilismo; 1968 (a 1970) – Mestre Uriu introduziu o Karatê no estado da Bahia, sendo, neste período, técnico da seleção baiana; 1969 – realizado pela Confederação Brasileira de Pugilismo o 1º Campeonato Brasileiro de Karatê, no Rio de Janeiro, com o auxílio dos mestres Uriu e Tanaka. O Rio de Janeiro conquista o 1º lugar, ficando o 2º com São Paulo e o 3º com a Bahia; 1970 – participação no 1º Campeonato Mundial, realizado no Japão; 1972 – participação no 2º Campeonato Mundial, realizado na França; 1975 – o Mestre Uriu, trás pela primeira vez ao Brasil o Mestre Masatoshi Nakayama. Nesta ocasião o Mestre Nakayama ministra um curso de aperfeiçoamento técnico no Rio de Janeiro. 1978 – participação no 1º Campeonato Pan-americano, no Peru, neste mesmo ano o Mestre Uriu trás para o Brasil o Mestre Tetsuhiko Asai. A partir desde momento se inicia uma amizade que perdura até os dias de hoje; 1988 - 1º Campeonato Sul-americano de Karatê, com o Brasil sagrando-se campeão; 1989 – o Brasil vence o Campeonato Pan-americano, realizado na Venezuela. 1990 o Brasil conquista o bi-campeonato no 2º Campeonato Sul-americano de Karatê e o vice-campeonato no 7º Campeonato Pan-americano de Karatê. Em 1991, o Brasil conquista o Campeonato Sul-americano, realizado no Paraguai, e o 5º lugar no Mundial do México. Em 1993, consegue o 3º lugar no Mundial da África do Sul. Durante muitos anos, Mestre Sadamu Uriu foi o técnico da seleção brasileira, contribuindo para firmar o nome do Brasil no Karatê internacional. Foi, também, técnico da seleção carioca, aperfeiçoando o Karatê no estado do Rio de Janeiro. Em 1991 ele foi o coordenador técnico do 1º Congresso Brasileiro de Professores de Karatê.

Embora importante e necessária, a forte expansão do Karatê no Brasil nas décadas de 70 e 80 gerou, no final dos anos 80 e início dos anos 90, conflitos de interesse e até mesmo um certo afastamento dos seus princípios e da sua essência. A conseqüência disto foi à perda de uma parte dos seus adeptos e, de certa forma, da própria força do Karatê brasileiro. Preocupado com esta situação, em 1994, Mestre Sadamu Uriu funda a Confederação Brasileira de Karatê Shotokan - CBKS, com o objetivo de trabalhar pelo desenvolvimento do Karatê sem interesses econômicos, políticos e de poder. Todo o esforço foi concentrado na formação técnica dos praticantes e na divulgação do verdadeiro caminho do Karatê.

Mestre Uriu sofre um terrível acidente automobilístico no estado de Rondônia, onde fora ministrar curso de aperfeiçoamento técnico e exame de faixa, além de supervisionar o campeonato estadual. Tendo desembarcado no aeroporto de Vilhena - RO, ele estava sendo conduzido de carro para a cidade de Alta Floresta D’Oeste - RO. Na altura do município de Santa Luzia D’Oeste - RO o motorista cochila e o carro despenca em um abismo. Mestre Uriu fica entre a vida e a morte e, cessado o risco de vida, é transportado de avião para o Rio de Janeiro. Lá, sucedem-se muitos meses de internação no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia INTO, acompanhados de nove cirurgias. A tragédia, que teria encerrado a carreira esportiva de qualquer pessoa comum, foi encarada pelo Mestre Sadamu Uriu como mais um desafio a vencer. Foram meses de fisioterapia, de convivência com fortes dores, de deslocamento em cadeira de rodas e, posteriormente, de muletas. Mas o mestre do Karate decidiu dar mais uma lição a si mesmo e a todos os praticantes das artes marciais. Enfrentou todas as dificuldades já em 1999 voltava ao convívio dos alunos e professores, preparando o corpo e o espírito para voltar a praticar e ensinar o Karate. Enquanto isso, seu filho mais velho, Cezar Uriu, 5º Dan, que já retornara após cinco anos vividos no Japão, assume a responsabilidade de conduzir os cursos, exames e campeonatos, até o restabelecimento pleno de Mestre Uriu; 1999 - 5º Campeonato Brasileiro de Karate Shotokan, em Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro, coordenado pelo Sensei Cezar Uriu e já contando com a presença, mesmo que de muletas, do Shihan Sadamu Uriu, que completava 70 anos; 2000 - 6º Campeonato Brasileiro, em Cabo Frio, estado do Rio de Janeiro, e participação do Brasil no Campeonato Mundial na Hungria. Mestre Sadamu Uriu, já quase totalmente recuperado, chefia a delegação brasileira que vai à Hungria e, em novembro, vai ao Japão para acompanhar o campeonato nacional japonês, na ilha de Hokkaido, norte do Japão, e participar da reunião dos mestres da International Japan Karate Association - IJKA. Neste ano, Mestre Uriu é nomeado responsável pelas atividades da IJKA e da JKS na América do Sul.

KATAS ESTILO SHOTOKAN

        

   A instrução é freqüentemente dada através dos seguintes , Heian Shodan, Nidan, Sandan, Yodan e Godan, Bassai, Kanku, Empi e Gankaku, sendo todos do estilo Shorin; o Jutte, Hangetsu, Jion, Tekki Shodan, Nidan e Sandan, todos estes do estilo Shorei. O Kata é uma forma de treinamento para Kumite.


Os nomes dos Katas chegaram até nós verbalmente. Os nomes usados no passado, como Pinan, Seishan, Naifanchi, Wanshu, Chinto, e outros, muitos dos quais possuíam significados ambíguos, tem levado a freqüentes erros na instrução.


Sendo o Karate uma arte marcial japonesa, não há razão aparente para manter estes nomes pouco familiares e, em alguns casos, nomes pouco esclarecidos de origem Chinesa, simplesmente por terem sido usados no começo. Portanto, após refletir sobre a natureza figurativa das descrições dos Kata dos velhos Mestres, Gishin Funakoshi nos apresenta os Katas com os seguintes nomes e descrições: